quarta-feira, 11 de maio de 2016

8º ANO - O SANGUE HUMANO - 2º BIMESTRE - 2016


O SANGUE HUMANO

Você sabia que o sangue é um tecido vivo? Que é formado por quatro componentes básicos? 
Quando foram feitas as primeiras transfusões de sangue? E, afinal, para que ele serve?
Este espaço é destinado a estudantes e pesquisadores. Aqui, você poderá esclarecer essas e 
muitas outras dúvidas sobre o sangue, seus componentes e a história da doação de sangue.

O que é sangue?


O sangue é um tecido vivo que circula pelo corpo, levando oxigênio e nutrientes a todos os 
órgãos. Ele é composto por plasma, hemácias, leucócitos e plaquetas.
plasma é a parte líquida do sangue, de coloração amarelo palha, composto por água (90%), 
proteínas e sais. Através dele circulam por todo o organismo as substâncias nutritivas 
necessárias à vida das células. Essas substâncias são: proteínas, enzimas, hormônios, fatores 
de coagulação, imunoglobulina e albumina. O plasma representa aproximadamente 55% do 
volume de sangue circulante.
As hemácias são conhecidas como glóbulos vermelhos por causa do seu alto teor de 
hemoglobina, uma proteína avermelhada que contém ferro. A hemoglobina capacita as 
hemácias a transportar o oxigênio a todas as células do organismo. Elas também levam dióxido 
de carbono, produzido pelo organismo, até os pulmões, onde ele é eliminado. Existem entre 4 
milhões e 500 mil a 5 milhões de hemácias por milímetro cúbico de sangue.
Os leucócitos, também chamados de glóbulos brancos, fazem parte da linha de defesa do 
organismo e são acionados em casos de infecções, para que cheguem aos tecidos na tentativa 
de destruírem os agressores, tais como vírus e bactérias. Existem entre 5 mil a 10 mil leucócitos 
por milímetro cúbico de sangue.
As plaquetas são pequenas células que tomam parte no processo de coagulação sanguínea, 
agindo nos sangramentos (hemorragias). Existem entre 200.000 e 400.000 plaquetas por 
milímetro cúbico de sangue.
O sangue é produzido na medula óssea dos ossos chatos, vértebras, costelas, quadril, crânio e 
esterno. Nas crianças, também os ossos longos como o fêmur produzem sangue.

História do sangue


A crença de que o sangue que dá e sustenta a vida também é capaz de salvá-la vem de tempos 
remotos. Entretanto, foram necessários séculos e séculos de estudos e pesquisas para a 
ciência 
descobrir sua real importância e dar a ele uso adequado. Até chegar esse dia, prevaleceram as 
práticas fundamentadas na intuição e no senso comum.
Conta-se que, na Grécia antiga, os nobres bebiam o sangue de gladiadores mortos na arena, a 
fim de obterem a cura de diversos males, entre eles a epilepsia.
Defendendo a sangria na cura de qualquer doença, o médico grego Galeno, reportando-se à 
teoria de Hipócrates, também concluiu pela existência de quatro humores no corpo humano: o 
sangue, a bile amarela, a bile negra e a fleuma.
Em 1492, no Século 15, para se curar de grave enfermidade, o papa Inocêncio VIII foi 
convencido a ingerir o sangue de três jovens que acabaram morrendo anêmicos, sem que se 
conseguisse restabelecer a saúde do pontífice.

As transfusões de sangue tiveram início no Século 17


Realizadas experimentalmente em animais, a primeira transfusão de sangue é atribuída a 
Richard Lower em demonstração realizada em Oxford, em 1665.
A primeira experiência em ser humano aconteceu dois anos mais tarde em 1667, em Paris. Seu 
autor foi Jean Baptiste Denis, professor de filosofia e matemática em Montpellier e médico do rei 
Luis XIV. Tomando um tubo de prata, Denis infundiu um copo de sangue de carneiro em Antoine 
Mauroy, de 34 anos, doente mental que perambulava nu pelas ruas da cidade.
Conta-se que após resistir a duas transfusões, Mauroy teria falecido provavelmente em 
conseqüência da terceira.
Um fato curioso: as transfusões de sangue nessa época eram heterólogas, isto é, com sangue 
de animais de espécies diferentes. Denis defendia a prática argumentando que, ao contrário do 
humano, o sangue de animais estaria menos contaminado de vícios e paixões.
Considerada criminosa, a transfusão heteróloga foi proibida na Faculdade de Medicina de Paris 
e, posteriormente, na de Roma (Itália) e na Royal Society, da Inglaterra.

As transfusões com sangue humano datam do século 19


Embora proibidas, as experiências não foram de todo abandonadas. Em 1788 (Século 18), após 
tentativas fracassadas com transfusões heterólogas, Pontick e Landois obtiveram resultados 
positivos realizando transfusões homólogas (entre animais da mesma espécie), concluindo que 
elas poderiam ser benéficas e inclusive salvar vidas.
A primeira transfusão com sangue humano é atribuída a James Blundell, em 1818 que, após 
realizar com sucesso experimentos em animais, transfundiu sangue humano em mulheres com 
hemorragia pós-parto.

O leite e a transfusão braço-a-braço


Apesar do avanço que representava a transfusão homóloga, no final do Século 19, problemas 
relacionados à coagulação do sangue e a outras reações adversas continuavam a desafiar os 
cientistas. Para enfrentar a questão, chegou-se a utilizar leite e até sangue de cadáver em 
transfusões; porém, as experiências foram logo abandonadas. Paralelamente, desenvolveram-se 
equipamentos para a realização de transfusão indireta, além de técnicas cirúrgicas que 
permitissem a transfusão direta, utilizando-se a artéria do doador e a veia do receptor, 
procedimento que ficou conhecido como transfusão “braço-a-braço”.

A descoberta do sistema de grupo sanguíneo ABO


Em 1900, final do Século 19, o imunologista austríaco, Karl Landsteiner, observou que o soro do 
sangue de uma pessoa muitas vezes coagula ao ser misturado com o de outra, descobrindo o 
primeiro e mais importante sistema de grupo sanguíneo existente no organismo: o ABO.

O sangue possui antígenos e anticorpos


Existem em nosso sangue certos tipos de glóbulos brancos, chamados linfócitos, cuja função é 
produzir proteínas especiais denominadas anticorpos. Quando micro organismos ou substâncias 
estranhas, denominadas genericamente antígenos, penetram em nosso corpo, os linfócitos 
entram em ação e passam a produzir anticorpos contra os invasores. Em geral, a reação do 
anticorpo com o antígeno acaba causando a destruição ou a inativação dos antígenos. Essa 
reação de defesa é fundamental para proteger nosso organismo contra o constante assédio de 
micro organismos causadores de doenças.

Incompatibilidade sanguínea no sistema ABO


Landsteiner percebeu que as hemácias ou glóbulos vermelhos do sangue podem ter, ou não, 
aderidos em suas membranas, dois tipos de antígenos, A e B, nos quais podem existir quatro 
tipos de hemácias:
  • A: apresentam apenas antígeno A;
  • B: apresentam apenas antígeno B;
  • AB: apresentam antígenos A e B;
  • O: não apresentam nenhum dos dois antígenos.

No plasma podem existir, ou não, dois tipos de anticorpos: Anti-A e Anti-B.

Assim:

  • o indivíduo de sangue tipo A não produz anticorpos Anti-A, mas é capaz de produzir 

  • anticorpos Anti-B, uma vez que o antígeno lhe é estranho;

  • o indivíduo de sangue tipo B não produz anticorpos Anti-B, mas é capaz de produzir 
  • anticorpos Anti-A, uma vez que o antígeno lhe é estranho;

  • o indivíduo AB não produz nenhum dos dois anticorpos pois os dois antígenos lhe 

  • são familiares;

  • o indivíduo O é capaz de produzir anticorpos Anti-A e Anti-B, pois não apresenta 

  • em suas hemácias antígenos A e B.

A primeira transfusão precedida de exame de compatibilidade ABO foi realizada em 1907, por 
Reuben Ottenberg. No entanto, esse procedimento só passou a ser utilizado em larga escala a 
partir da Primeira Guerra Mundial (1914 - 1918).

O sistema de grupo sanguíneo Rh


Quase quatro décadas após a descoberta do sistema de grupo sanguíneo ABO, outro fato que 
revolucionou a prática da medicina transfusional foi a identificação, também em humanos, do 
fator Rh, observado no sangue de macacos Rhesus.
Na população branca, cerca de 85% das pessoas possuem o fator Rh nas hemácias, sendo por 
isso chamados de Rh+ (Rh positivos). Os 15% restantes que não o possuem são chamados 
de Rh- (Rh negativos).

Incompatibilidade sanguínea no sistema Rh


É importante conhecer o tipo sanguíneo em relação ao sistema Rh, pois também nesse caso 
podem ocorrer reações de incompatibilidade em transfusões de sangue.
Um indivíduo Rh negativo só deve receber transfusão de sangue Rh negativo. Caso receba 
sangue Rh positivo, haverá sua sensibilização e a formação de anticorpos Anti-Rh.

Eritroblastose fetal


Os anticorpos Anti-Rh são responsáveis por uma doença conhecida como eritroblastose 
fetal ou doença hemolítica do recém-nascido, que decorre da incompatibilidade sanguínea 
entre a mãe e o feto (ela Rh- e ele Rh+), resultando na destruição das hemácias do feto pelos 
anticorpos Anti-Rh produzidos pela mãe.
Em 1951, eram conhecidos nove sistemas de grupos sanguíneos: Atualmente, são 23.

Organização dos bancos de sangue


Vencida a questão da incompatibilidade, a batalha enfrentada a seguir foi desenvolver 
processos 
e métodos que aumentassem a vida útil do sangue, permitindo o seu armazenamento e a 
formação de estoques.

A primeira transfusão com sangue armazenado há 26 dias foi realizada em 1918, durante a 
Primeira Guerra Mundial, na batalha de Cambrai. Atualmente, o prazo de validade do sangue 
armazenado varia de 35 a 42 dias. Através do processo de criopreservação a –65 graus 
Celsius, 
o sangue pode durar até 10 anos. Por ser muito dispendioso, esse processo só é recomendável 
para a preservação de sangues raros.
A descoberta das soluções anticoagulantes e conservantes, aliada ao desenvolvimento e 
aperfeiçoamento dos equipamentos de refrigeração, permitiu a organização dos centros de 
armazenamento de sangue.
Idealizado em Leningrado, em 1932, o primeiro banco de sangue surgiu em Barcelona, em 1936, 
durante a Guerra Civil Espanhola. O conceito ganhou corpo e expandiu-se durante e após a 
Segunda Guerra Mundial.

Nenhum comentário:

Postar um comentário